Novo tratamento para enxaqueca: Controle sua dor
A enxaqueca atinge 15% da população e é a líder de ocorrências em pronto atendimentos e em consultórios neurológicos. A chegada de uma nova classe de medicação para o tratamento da enxaqueca estima melhoras na qualidade de vida dos pacientes.
Como se dá o tratamento da enxaqueca
Durante uma crise aguda costuma-se fazer uso de medicações para alívio rápido da dor. Mas naqueles pacientes em que ela apresenta-se mais frequente está indicado o tratamento preventivo (profilático). Este visa reduzir a frequência da dor, sua intensidade e o uso de analgésicos, buscando melhorar a qualidade de vida do paciente.
Sabe-se que 30% dos enxaquecosos teriam indicação de tratamento preventivo (Houle TT, et al. Headache. 2013;53:908-919) , mas alguns fatores ainda dificultam o acesso e a adesão destas pessoas.
Até então, o que tínhamos para o tratamento preventivo eram medicações inicialmente desenvolvidas para outros fins, como anticonvulsivantes, antidepressivos, remédios para o coração e a toxina botulínica.
O que se sabe sobre o tratamento preventivo da enxaqueca
Com a descoberta de mecanismos sobre as causas da enxaqueca antes desconhecidos e o aprimoramento na tecnologia de desenvolvimento de medicamentos, em 2018 foi liberado nos Estados Unidos e na Europa a primeira classe de medicações desenvolvida especificamente para o tratamento desta patologia: os anticorpos antagonistas do CGRP (calcitonin gene related peptide).
O que foi notado em relação à redução de dor dos pacientes:
- Mostrou uma redução de pelo menos metade dos dias de dor de cabeça ao mês em 50% dos pacientes (Ashina, et al. Neurology. 2017; 89:1-7).
- Metade dos pacientes que fazia abuso de analgésico deixou de fazê-lo.
- Reduziu significativamente faltas ao trabalho.
Uma diferença em relação aos demais tratamentos é a resposta superiormente positiva em pacientes com depressão e transtorno de ansiedade, assim como nos que consumiam analgésicos em excesso. Podendo notar alguns benefícios em comparação às outras opções:
- Não penetram no sistema nervoso central e por isso não apresentam reações adversas que limitam o uso das medicações atuais (como sonolência, lentidão de raciocínio, mudanças de humor e alteração de apetite).
- Aplicação subcutânea ou endovenosa mensal, facilitando a aderência ao tratamento.
- Não foram evidenciadas interações com outros medicamentos (como anticoncepcionais, antidepressivos, anticonvulsivantes).
- Não são metabolizados pelo fígado ou rim, desta forma não sobrecarregam estes órgãos.
Um estudo recente (Ashina, et al Neurology Sep 2017, 89 (12) 1237-1243.) em pacientes que já usaram a medicação por mais de um ano não mostrou novas reações adversas em comparação aos trabalhos iniciais.
Conclusão
O tratamento preventivo da enxaqueca é algo novo, mas que já apresenta melhoras promissoras na vida de várias pessoas, sendo um fato relevante e animador dispor de mais uma possibilidade de tratamento para esta patologia.
Dra. Lara Pizzetti Fernandes é Neurologista na Clínica Neurológica, em Joinville (SC). Clique e conheça e agende uma consulta.